terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O outro Huno



Bleda era um huno, sobrinho de Rugila.
Bleda e seu irmão mais novo, Attila sucederam seu tio Rugila ao trono. Seu reinado se estendeu por 11 anos até sua morte. Por mais que isso tenha sido especulado por toda a história que Attila assassinou ele durante uma caçada, ninguém sabe ao certo como ele morreu. Uma das poucas coisas conhecidas sobre Bleda é que, depois da grande campanha Huno de 441, ele adquiriu um anão dos pântanos, chamado Zerco. Bleda era altamente divertido por Zerco, e foi tão longe que mandou fazer um terno armorial para que o anão Zerco pudesse acompanhá-lo na Campanha militar.


O trono compartilhadoAté 432, os hunos unificaram-se sob o rei Rua, Ruga ou Rugila. Em 434 morreu Rua, deixando a seus sobrinhos Átila e Bleda, filhos de seu irmão Mundzuk, o comando de todas as tribos hunas. Naquele momento, os hunos encontravam-se em plena negociaciação com os embaixadores de Teodósio II a respeito da entrega de várias tribos renegadas que se haviam refugiado no seio do Império Romano do Oriente. No ano seguinte, Átila e Bleda tiveram um encontro com a legação imperial em Margus (atualmente Požarevac, na Sérvia) e, sentados todos na garupa dos cavalos à maneira huna, negociaram um tratado. Os romanos concordaram não somente em devolver as tribos fugitivas (que haviam sido um auxílio mais que bem-vindo contra os vândalos), mas também em duplicar o tributo anteriormente pago pelo Império, de 350 libras romanas de ouro (quase 115 kg), abrir os mercados aos comerciantes hunos e pagar um resgate de oito sólidos por cada romano prisioneiro dos hunos. Estes, satisfeitos com o tratado, levantaram seus acampamentos e partiram até o interior do continente, talvez com o propósito de consolidar e fortalecer seu império. Teodósio utilizou esta oportunidade para reforçar os muros de Constantinopla, construindo as primeiras muralhas marítimas da cidade, e para levantar linhas defensivas na fronteira ao longo do Danúbio.Os hunos permaneceram fora da vista dos romanos durante os cinco anos seguintes. Durante este tempo levaram a cabo uma invasão da Pérsia. Porém, uma contra-ofensiva persa na Armênia terminou com a derrota de Átila e Bleda, que renunciaram a seus planos de conquista.


Em 440, reapareceram nas fronteiras do Império Romano do Oriente, atacando os mercadores da margem norte do Danúbio, aos quais protegia o tratado vigente. Átila e Bleda ameaçaram com a guerra aberta, sustentando que os romanos haviam faltado aos seus compromissos e que o bispo de Margus (próxima à atual Belgrado) havia cruzado o Danúbio para saquear e profanar as tumbas reais hunas da margem norte do Danúbio. Cruzaram então este rio e arrasaram as cidades e fortes ilírios ao longo da margem, entre eles – segundo Prisco – Viminacium (atual Kostolac, na Sérvia), que era uma cidade dos mésios na Ilíria. Seu avanço começou em Margus, já que quando os romanos debateram a possibilidade de entregar ao bispo acusado de profanação, este fugiu em segredo para os bárbaros e lhes entregou a cidade.Teodósio havia desguarnecido as defesas ribeirinhas como conseqüência da captura de Cartago pelo vândalo Genserico em 440 e a invasão da Armênia pelo sassânida Yazdegerd II em 441. Isto deixou a Átila e Bleda o caminho aberto através da Ilíria e dos Bálcãs, que se apressaram a invadir no mesmo ano de 441. O exército huno, tendo saqueado Margus e Viminacium, tomou Sigindunum (a moderna Belgrado) e Sirmium (atual Sremska Mitrovica, na província sérvia da Voivodina), antes de parar as operações. Continuou então uma trégua ao longo de 442, momento que Teodósio aproveitou para trazer suas tropas da África e dispor de uma grande emissão de moeda para financiar a guerra contra os hunos. Feitos estes preparativos, considerou que podia permitir-se rechaçar as exigências dos reis bárbaros.A resposta de Átila e Bleda foi retomar a campanha (443). Golpeando ao longo do Danúbio, tomaram os centros militares de Ratiara e sitiaram com êxito Naissus (atual Nis) mediante o emprego de aríetes e torres de assalto rodantes (sofisticações militares que eram novas entre os hunos). Mais tarde, pressionando ao longo do rio Nišava, tomaram Serdica (Sofia), Filípolis (Plovdiv) e Arcadiópolis. Enfrentaram e destruíram tropas romanas próximo a Constantinopla e somente se detiveram pela falta do material adequado de assédio capaz de abrir brecha nas ciclópicas muralhas da cidade. Teodósio admitiu a derrota e enviou o cortesão Anatólio para negociar os termos da paz, que foram mais rigorosos para os romanos que no tratado anterior: o imperador concordou em entregar mais de 6.000 libras romanas (cerca de 1.963 kg) de ouro como indenização por ter faltado aos termos do pacto; o tributo anual triplicou-se, alcançando a quantidade de 2.100 libras romanas (cerca de 687 kg) de ouro; e o resgate por cada romano prisioneiro passava a ser de 12 sólidos.Satisfeitos, durante um tempo, os seus desejos, os reis hunos retiraram-se para o interior do seu império.


De acordo com Jordanes, que segue Prisco, em algum momento do período de calma que se seguiu à retirada dos hunos de Bizâncio (provavelmente em torno de 445), Bleda morreu e Átila ficou como único rei. Existe abundante especulação histórica sobre se Átila assassinou seu irmão ou se Bleda morreu por outras causas. Em todo caso, Átila era agora o senhor indiscutível dos hunos e voltou-se novamente para o Império Romano do Oriente.

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